
Não é de hoje que as palavras estão virando fumaça.
O fenômeno que acontece é no mínimo curioso: fala-se muito e nada se diz. Mas tudo é relativo, inclusive esse nada que, na próxima hora, pode ser o tudo.
Convenhamos, as entrelinhas sempre fizeram parte do texto - e não só do contexto, como alguns poucos, desavisados, avaliaram.
Foi-se o tempo onde as palavras andavam juntas, coerentes. Hoje, elas vivem loucas, alucinadas em hiato de espírito. Estão do outro lado da ponte - mas cadê a ponte? As palavras não chegam. Ninguém chega. O que existe é o silêncio. Só ele está a-b-s-o-l-u-t-o.
Na verdade, comunicar é quase artesanal e cansa. É muito trabalhoso.
Comunicar dói.
Toda vez que eu tento é como se um pedaço meu descolasse no 'entendi' dito por alguém.