quinta-feira, 26 de abril de 2007

ESPELHOS

Vanessa Paradis


Conhece-te a ti mesmo
Sócrates


A sentença de Sócrates não sugere uma investigação direta, fato. Segundo Diógenes Laércio, Sócrates oferecia espelhos aos seus discípulos para que, se bonitos, cuidassem de ser dignos. E se fossem feios - como ele era - procurassem ser sábios.

Mas que grau de realidade teria uma máscara? Um desenho de um rosto? Ou mesmo, a imagem de um reflexo no espelho? É bem provável que a realidade dependa do momento de percepção, assim como a aceitação de toda realidade possa vir a ter uma existência - em um outro prisma - fora do olhar contínuo do espectador.

Platão dizia que as imagens espelhadas seriam 'criações falsas', porque o reflexo de um espelho não tem realidade tangível.

"Se você decidir pegar um espelho e carregá-lo por toda parte, diz Sócrates, vai produzir rapidamente o sol e todos os seres no céu, e produzir rapidamente a terra, a si mesmo, os outros animais, instrumentos, plantas e todos os objetos (...). Você conseguirá reproduzir a aparência deles, mas não a realidade e a verdade".


quarta-feira, 25 de abril de 2007

Imagem Como Ausência

Pollock at work, 1950.


Resgatar o silêncio é o papel dos objetos
- Samuel Backett -


"A tentativa de não comunicar é, de qualquer modo, tão complexa quanto a tentativa de comunicar, e sem dúvida igualmente antiga.

Mas a admissão formalizada dessa tentativa, desse enriquecimento do silêncio - mediante palavras, gestos ou sinais - é um fenômeno moderno que, no mundo ocidental, começou há menos de um século.

Os filósofos cínicos, na Grécia antiga, que relutavam dialogar, os padres do deserto, que se retiraram do mundo das relações sociais nos primeiros anos do cristianismo, 'o resto é silêncio', frase cunhada por Hamlet, da qual muito se abusou, prefiguram a nossa compreensão da impossibilidade de dizer.

Mas é só no século XX que o poeta Stéphane Mallarmé, apresenta, em desespero, a página em branco, Eugène Ionesco decreta em suas peças, que 'o mundo impede que o silêncio fale', Beckett põe em cena um ato sem palavras, John Cage compõe uma música chamada 'Silêncio' e Pollock pendura na parede de um museu uma tela coberta com espirros mudos".

Alberto Manguel in Lendo Imagens, ed. Cia das Letras


terça-feira, 24 de abril de 2007


UTOPIA, Thomas More


"Em primeiro lugar, os príncipes cuidam somente da guerra (arte que me é desconhecida e que não tenho nenhum desejo de conhecer). Eles desprezam as artes benfazejas da paz. Trate-se de conquistar novos reinados, e todos os meios lhes parecem bons; o sagrado e o profano, o crime e o sangue, não os detêm. Em compensação, ocupam-se muito pouco de bem administrar os Estados submetidos à sua dominação.


Quanto aos conselhos dos reis, eis aproximadamente a sua composição: uns se calam por inépcia, e teriam mesmo grande necessidade de ser aconselhados.


Outros, são capazes, e sabem que o são; mas partilham sempre do parecer do preopinante, que está em melhores graças, e aplaudem, com entusiasmo, as pobres imbecilidades que este entende desembuchar; esses vis parasitas só têm uma finalidade: ganhar, por uma baixa e criminosa lisonja, a proteção do primeiro favorito.


Os outros, são escravos de seu amor próprio e escutam apenas a própria opinião, o que não é de admirar, pois a natureza insufla cada um a afagar com amor os produtos de sua invenção. É assim que o corvo sorri à sua ninhada, e o macaco aos seus filhotes.


Que sucede então no seio desses conselhos onde reinam a inveja, a vaidade e o interesse?"


- >E a vida imita a arte.





Sim, Eu Sobrevivi ao Final de Semana

Kate Moss

Semana de provas...




sábado, 21 de abril de 2007

Hoje acordei assim...

Dita von Teese

O final de semana promete...

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Hoje acordei assim...

Persistência da Memória, 1931 - Salvador Dalí

Love, amor, amore. A língua muda, mas a necessidade é a mesma. A persistência vem disso, da palavra necessidade...

Essa pequena tela é uma das obras de arte mais famosas do séc. XX. As imagens flácidas dos relógios que se dobram, mas não se desfazem, evocam a obsessão humana com a passagem do tempo e com a memória. A paisagem de fundo lembra o Port Lligat, próximo de Figueres, onde Dalí nasceu e viveu. Mais tarde, Dalí diria que o tema dessa tela surgira quando meditava sobre a natureza do queijo camembert... Ao longo do tempo, no entanto, essa obra deu margem a numerosas e variadas interpretações. A idéia da passagem do tempo está presente em várias outras obras de Dalí inclusive em um curioso relógio feito por ele, em 1949, chamado o olho do tempo. As cores são muito transparentes. O desenho é de grande precisão. Embora essa tela seja, de acordo co as concepções surrealistas, a representação real de objetos irreais, não é de maneira alguma realista, quanto mais não seja pelo aspecto estático das coisas, e pela luz fria e estranha que as banha. Os objetos têm entre si associativas e enigmáticas, tal como em certos sonhos...