quarta-feira, 18 de julho de 2007

O Mar


Homem livre, tu sempre gostará do mar
Charles Baudelaire


Hoje sentei na areia da praia e fiquei observando o mar por quase uma hora.

Imaginei muitas coisas e ao mesmo tempo o pensamento ia solto, solto. Tentei imaginar a minha primeira impressão do mar, qual teria sido o meu espanto ao ver tanta água? Eu não conseguia lembrar. Não conseguia.

E pensei no difícil hábito de ver uma coisa como se fosse a primeira vez. A possibilidade concedida aos olhos que é a grandenza da estréia, do sempre novo, embora estejamos falando de algo conhecido.

Pensei no tanto de água e oceanos que separam continentes e pessoas. Algumas almas se encontram e seguem nessas terras, nessas águas, caminhos distintos. E é uma fatalidade de sorte, eu diria, já que outras nunca irão se encontrar nem em pensamento.

Pensei em mim no desenho disso tudo. E me senti pequena, sem forças.

A imagem agora é a vista da praia na sua totalidade. Duas crianças brincam na água, catam tatuí. Lembrei que fazia isso também. Aquelas perninhas espertas desses bichos, éca! Cosquinhas na palma da mão. Era maravilhoso. E sorri sozinha.

Amar e ser amado: eis o 'por enquanto' da vida.
Eu sempre esqueço que as histórias acabam.

Como é possível saber com o quê preencher a saudade que vem? Nem imagino...


sexta-feira, 6 de julho de 2007

Essa é para você

Ao babaca

Todo mundo precisa de amigos, meu bem.
Alguma vez você parou para pensar que só te aplaudem pela tua grana? Estão fazendo caridade com o teu chapéu ou você não percebeu?

Não, você não percebeu.


Babaca.

Estão te comendo por trás e você nem aí. Nem aí! Isso porque acredita nesse show de neon que te venderam.

Te venderam merda com gelatina, meu amor.

Olha no espelho, cadê você? A roupa que te deram é maior que o defunto. Veste a máscara para falar, meu filho, por quê? Não te entregaram o discurso? Não sopraram no teu ouvido as palavras que você tinha que dizer? Marionete. É isso que você é: m-a-r-i-o-n-e-t-e.

A tua coragem secou ou simplesmente você nunca a teve? Gostaria de saber onde você enfiou a tua memória, a simpatia, o teu caráter...será que é no mesmo lugar onde estão metendo em você? Provável. Cadê você? Você que pensa em fazer mitos, levanta quem quer te derrubar. Você questiona as pessoas que te amam, quando deveria se questionar.

É questão de tempo, baby, você vai ver, o palácio vai ruir. Vão te dar espelhos, meu bem, e será um momento difícil. Difícil. Você vai chorar, se desesperar, se achar o último biscoito no pacote e no fundo, será tudo isso e mais um pouco. Juro que não gostaria de te dizer palavras duras. Quero o teu bem, mas quero o meu também.

E pensar nessas coisas todas, nesses 'caralhos ambulantes' atrás de você me faz um mal. Deve ser duro, não é? Mas sei que você anda anestesiado e nem sente a dor. Isso me conforta.

Vou engavetar você e as tuas moléstias, que hoje, são todos meus desafetos. Vou tentar apagar o que foi ruim e viver com as lembranças boas. Estou criando o meu mundo, assim como você criou o teu. Só que diferente de você, não vou atirar pedras.

Eu não jogo pedras em amigos.

Eu acredito neles, embora não acredite mais em você. É uma piada o que você vive. Você virou piada.

Ah, só mais uma coisa, vê se guarda com carinho: foda-se.