quinta-feira, 17 de maio de 2007

Do amor




Retalhos
É o retalho de fundo dourado,
Com estrelas brilhantes costuradas: eu e você.
É a ferrugem da agulha que passa para a linha,
Dando outra cor à cor.
É a imprecisão dos pontos,
A mão trêmula, o pano gasto:
É a não intenção da coisa certa
Na combinação do sem combinar.
É a linha que une os tecidos,
Corpos da mesma vontade.

É a imaginação do novo desenho que surge

Trazendo a surpresa dos pedaços já costurados:
Na mistura, na perda, no achado - a exposição.
Há quem pergunte: como fazer uma criação
Com as sobras de pano de outras roupas?
Ser retalho é ter várias pequenas partes inteiras.
É o não caber em si.
Mas como costurar o tempo nessa história?
É aí que a linha que arrebenta.

(Adriana Schimit)

***


Um comentário:

Anônimo disse...

OI, kenguinha!
Saudades de vc! Esse seu lado poeta eu não conhecia, mas ja admiro!

Muitos beijos!