terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Hein?!

“Produza, produza, produza. Você tem que produzir”. Como assim sem vontade? O que você quer dizer com isso? Não entendo. Não entendo a falta de criatividade na ansiedade. Acontece: é-tudo-tão-junto que nem a respiração separa. Me disseram isso um dia. Quem disse? Sei lá, alguém. Conheci tantas pessoas malucas, tantos que me disseram tantas coisas desnecessárias, que acabei criando um sistema falho sobre às observações. Mas lembro de algumas frases memoráveis ditas em mesas de bar. É, de bar. A lucidez sempre vem com uns goles a mais. Deve ser o fato de estarmos relaxados ou coisa assim. É deve ser. Quer que eu diga alguma? É, só pra quebrar o silêncio. Que silêncio? Você não pára de falar! Nossa, então, tudo bem (que pessoa grossa!). Mas sabe, outro dia andando por Ipanema, às pressas, um sujeito me parou na rua. Não lembrei dele, gente de anos atrás, das antigas, você sabe como é, não é mesmo? Conversa vai, conversa vem, um risco de memória. O cara veio com uns papos doidos, coisas que eu sei que não vivi. Perguntou como eu estava. Ia responder a verdade: que estava bem até ele aparecer. Mas não disse, hesitei. Eu também não sei o que fazer com a realidade, por isso, às vezes acho melhor escondê-la, silenciá-la. E a pessoa foi embora? Sim, foi. Eu não estava pra papo e acho que ele percebeu. Que bom! Odeio encontros corriqueiros quando o tempo está contra mim. Voltou? O que voltou? A vontade. Hein? Vontade de quê? De produzir, oras! Do que estamos falando aqui? Não sei, você estava falando. Ah, eu só estava...estava pensando alto. Só isso. E você, trate logo de produzir alguma coisa que preste! Ou...ou? Ah, deixa pra lá! Você me tira do sério...

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