"Gostaria de morrer em nome de alguma coisa, mas não creio que mereça tanto".
Fernando Sabino
Fernando Sabino
Trechos da entrevista que Hélio Pellegrino concedeu à Clarisse Lispector:
- Hélio é bom viver, não é? É, pelo menos, a impressão que você me dá.
- Viver - essa difícil alegria. Viver é um jogo, um risco. Quem joga pode ganhar ou perder. O começo da sabedoria consiste em aceitarmos que perder também faz parte do jogo. Quando isso acontece, ganhamos alguma coisa de extremamente precioso: ganhamos nossa possibilidade de ganhar. Se sei perder, sei ganhar. Se não sei perder, não ganho nada, e terei sempre as mãos vazias. Quem não sabe perder, acumula ferrugem nos olhos e se torna cego de rancor. Quando a gente chega a aceitar, com verdadeira e profunda humildade, as regras do jogo existencial, viver se torna mais do que bom - se torna fascinante. Viver bem é consumir-se, é queimar os carvões do tempo que nos constitui. Somos feitos de tempo, e isso significa: somos passagem, movimento sem trégua, finitude. A quota de eternidade que nos cabe está encravada no tempo. É preciso garimpá-la, com incessante coragem, para que o gosto de seu ouro possa fulgir em nossos lábios. Se assim acontece, somos alegres e bons, e a nossa vida tem sentido.
(...)
A gente, no fundo, tem medo de nascer, pois nascer é saber-se vivo e - como tal - exposto à morte.
- Diga qual é a fórmula da vida. Eu queria imitar.
- Há, no Diário íntimo de Kafta, um pequeno trecho ao qual gostaria de permanecer para sempre fiel: "Há dois pecados humanos capitais, dos quais todos os outros decorrem: a impaciência e a preguiça. Por causa da sua impaciência foi o homem expulso do Paraíso. Por causa da sua preguiça, não retornou a ele. Talvez não exista senão um pecado capital, a impaciência. Tenhamos paciência - uma longa e interminável paciência - e tudo nos será dado por acréscimo".
Dados do entrevistado: Hélio Pellegrino, escritor e psicanalista.
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- Hélio é bom viver, não é? É, pelo menos, a impressão que você me dá.
- Viver - essa difícil alegria. Viver é um jogo, um risco. Quem joga pode ganhar ou perder. O começo da sabedoria consiste em aceitarmos que perder também faz parte do jogo. Quando isso acontece, ganhamos alguma coisa de extremamente precioso: ganhamos nossa possibilidade de ganhar. Se sei perder, sei ganhar. Se não sei perder, não ganho nada, e terei sempre as mãos vazias. Quem não sabe perder, acumula ferrugem nos olhos e se torna cego de rancor. Quando a gente chega a aceitar, com verdadeira e profunda humildade, as regras do jogo existencial, viver se torna mais do que bom - se torna fascinante. Viver bem é consumir-se, é queimar os carvões do tempo que nos constitui. Somos feitos de tempo, e isso significa: somos passagem, movimento sem trégua, finitude. A quota de eternidade que nos cabe está encravada no tempo. É preciso garimpá-la, com incessante coragem, para que o gosto de seu ouro possa fulgir em nossos lábios. Se assim acontece, somos alegres e bons, e a nossa vida tem sentido.
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A gente, no fundo, tem medo de nascer, pois nascer é saber-se vivo e - como tal - exposto à morte.
- Diga qual é a fórmula da vida. Eu queria imitar.
- Há, no Diário íntimo de Kafta, um pequeno trecho ao qual gostaria de permanecer para sempre fiel: "Há dois pecados humanos capitais, dos quais todos os outros decorrem: a impaciência e a preguiça. Por causa da sua impaciência foi o homem expulso do Paraíso. Por causa da sua preguiça, não retornou a ele. Talvez não exista senão um pecado capital, a impaciência. Tenhamos paciência - uma longa e interminável paciência - e tudo nos será dado por acréscimo".
Dados do entrevistado: Hélio Pellegrino, escritor e psicanalista.
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