quinta-feira, 4 de outubro de 2007

"Criar é não se adequar à vida como ela é, nem tampouco se grudar às lembranças pretéritas que não sobrenadam mais."
(Waly Salomão, 1998, p.45)


Na abertura do livro Lábia proclama-se que a "memória é uma ilha-de-edição". Isso quer dizer que a memória não se reduz a um registro passivo de traços ou dados do passado. Ao contrário, o que temos por "dado" é já desde sempre o resultado da atividade interpretativo-construtiva - de seleção, corte, cópia, colagem, etc. - efetuado por um processo de edição ou montagem.

O passado que se pretende objetivamente dado é apenas o resultado de um processo de edição "esquecido" ( ou, ele mesmo, "editado"). É esse esquecimento que faz com que aquilo que não passa de um dos infinitos passados possíveis acabe aparecendo como o único verdadeiro.
(Fragmentos de Me segura qu'eu vou dar um troço, comentários de Antonio Cicero).

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"Orestes: sou estranho para mim mesmo, sei. Fora da natureza, contra a natureza, sem desculpa, sem outro recurso senão eu. Mas não voltarei a estar sob o julgo da lei: estou condenado a não ter outra lei senão a minha".
- Jean Paul Sartre in As moscas.

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"Los dioses son dioses, porque no se piensan".




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