terça-feira, 7 de agosto de 2007
Qual a diferença?
Segunda, logo cedo, fui a uma reunião sobre a cobertura do Parapan 2007, realizada pela Unimed - uma das patrocinadoras do evento. Confesso ter me mantido alheia à qualquer manifestação ou notícia desse primeiro Pan de atletas sem deficiência. E curiosamente – por uma dessas brincadeiras do destino – hoje estou trabalhando na cobertura do Parapan.
Muitas imagens ilustraram nosso encontro matinal. Explicações, às vezes confusas, sobre a diferença nas avaliações e provas exigiram de todos os jornalistas presentes, uma atenção especial. Nas disputas, muitas nomenclaturas definem a deficiência dos atletas, assim como as adaptações e exceções de cada esporte. Foi um aprendizado.
Cenas fortes como a de um rapaz que, mesmo sem os braços, salta na piscina, utilizando-se apenas das pernas como ferramenta propulsora, me marcaram. Pode parecer besteira, viadagem minha, mas eu nunca tinha visto nada igual e acredito que muitos colegas jornalistas que lá estavam, também.
A grande questão dos organizadores, assim como da imprensa, nesse encontro, era simples: como “vender” o parapan? A sociedade acostumada a ver pessoas sem deficiência atingindo seus recordes, talvez não imagine que outros, com deficiência, consigam os mesmos resultados. São pessoas que superaram não só os números, mas a falta de estrutura e buscaram na adaptação, o melhor recurso para não estarem em desvantagem. Essa é a questão: deficiente visual, físico, mental, paralisados cerebrais, amputados, cadeirantes não são coitados. São pessoas que, através de esforços pessoais, se adaptaram a um mundo que, embora saiba da diferença, não se comove ou presta nenhum serviços para facilitar às suas vidas. Não há desvantagens no potencial, e sim, na estrutura garantida pelo governo e pelos patrocinadores.
Não adianta remar contra, essa foi a impressão que tive. Apontar o erro nem de longe vai resolver o problema. Então, o negócio é arregaçar as mangas e começar o trabalho! Esse será o espírito do Parapan.
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4 comentários:
Coincidencias nos cercam mesmo neh?
Ha poucos dias vi uma materia na Globonews sobre os atletas que vao participar do Parapan. Tratava de enfatizar as vitorias que antecediam a competiçao do Parapan. Tinha depoimentos dos proprios atletas e daqueles que os acompanham.
Foi uma materia que me fez mergulhar no assunto, e do qual conhecia soh superficialmente, mas que despertou em mim um grande admiraçao da vontade deles em competir. Alias, arrisco em dizer que eles possuem o verdadeiro espirito olimpico! (sem viadagem!) Todos em seus depoimentos enfatizaram o gosto e o prazer em competir e deixaram em segundo plano o anseio pela vitoria.
Curioso e muito intrigante!
Notavel a uniao de todos os atletas (mesmo os que iriam competir entre eles) e o sentimento de familia. Eles se tratam como irmaos!
Naquele meio pude notar que existe uma competiçao saudavel.
Raro de ver e muito bom de guardar como exemplo de vida!
Eu acompanhei este ultimo Panamericano, muito mais que as ediçoes anteriores. A superaçao dos atletas em atingir as suas metas em medalhas excedia o meio olimpico. Foi visto uma competiçao entre paises, de quantas medalhas de ouro cada pais alcançava, a ponto de serem contadas medalha por medalha, situaçao que ateh presidentes do Brasil e Cuba, indiretamente, participaram no nivel mais discreto.
A proxima olimpiada promete ser acirrada. Serah que apenas para os atletas?
Certa vez uma pessoa me disse que achava muito bizarro que na Alemanha existam tantas pessoas deficientes (sic).
Não sei se existem mais, talvez até menos que aqui, mas a grande diferença é que eles têm estrutura para ir e vir, podem usar transporte público sem problemas, têm acesso a museus e qualquer prédio público, podem atravessar as ruas e subir nas calçadas sem grandes dificuldades, enfim, têm uma independência muito maior.
Por isso se vêem mais portadores de deficiências nas ruas lá do que aqui. Porque podem sair de casa desacompanhados, têm os mesmos direitos (e até os mesmos deveres!) que qualquer outro cidadão.
Infelizmente, essa mentalidade ainda falta aqui.
Tomara que o Parapan consiga começar a abrir a cabeça das pessoas em relação a isso.
Concordo com o Almeida. Quando cheguei aqui, tive a mesma impressao. Me parece que aqui na belgica tem muito mais problemas mentais, cadeiras de rodas, paraplegicos, muletas e etc. Na verdade, a diferença e que aqui eles tem uma vida normal ao ar livre, nao se escondem em casa. A maioria dos predios e adaptada e os instrumentos de locomoçao sao baratos, todos tem acesso. Mas confesso que uma parte de mim, aquele pedacinho menos evoluido, ainda preferia nao ter que ver essazs pessoas com tanta frequencia. Da medo! Medo do futuro! enfim, cada um na sua, com as armas que tem. Beijos!
Neste parapan o sistema de divulgação que a maioria das emissoras estào adotando é o comentário do tipo: "ciclano ganhou mais uma medalha no parapan e blá-blá-blá. não mostram imagens das competições, no máximo um close no campeão e um abraço. De qualquer forma esse parapan está mais divulgado que os anteriores e assim caminhamos. Espero que em passos largos..
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