quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Rubens Gerchman (1942 - 2008)

"Quanto mais o tempo passa
Mais atemporal fico.
Gosto das coisas fora do tempo.
Ofereço meu tempo à arte!"
*

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Sweet dreams that leave all worries behind you


Ella Fitzgerald - "Dream a Little Dream of Me" - 1964
*

Nat Cole - Where Or When - 1957
*

It seems we stood and talked like this before
    
We looked at each other in the same way then


But I can't remember where or when.


The clothes you're wearing are the clothes you wore


The smile you are smiling you were smiling then


But I can't remember where or when


Some things that happen for the first time


Seem to be happening again


And so it seems that we have met before


And laughed before and loved before


But who knows where or when.

*

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Os Três Mal-Amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

As falas do personagem Joaquim foram extraídas da poesia
"Os Três Mal-Amados", constante do livro "João Cabral de Melo Neto - Obras Completas", Editora Nova Aguilar S.A. - Rio de Janeiro, 1994, pág.59.
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Quando mais nova li este texto do João Cabral de Melo Neto e não entendi patavinas. Não imaginava que um sentimento pudesse "comer" as coisas do cotidiano, as reações, as lembranças de uma pessoa. Não imaginava que ele - o amor - fosse tão poderoso. O mais engraçado foi descobrir isso depois de velha... Mas "há tempo para tudo debaixo do céu". E isso é uma verdade.

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domingo, 27 de janeiro de 2008

Mais fotos do documentário

Jagger 1.1


Richard & Jagger


Jagger 1.2
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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Gimme

Jagger em performance no documentário GIMME SHELTER.
Captação/imagem: Adriana Schimit

Hoje assisti o documentário dos Stones de 1970, Gimme Shelter. Gostei, mas confesso ter ficado sem paciência em várias partes. Cada caso é um caso, ando sem paciência mesmo.
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"Gimme Shelter" The Rolling Stones

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Signo da Cidade


Sozinho Na Cidade - letra de Bruna Lombardi e Música de Carlos Alberto Riccelli - Voz: Caetano Veloso.

“Ainda queria dizer tanta coisa, mas não deu”.

O que é a distância? Você consegue explicar? Eu não. Estou aqui e a solidão me persegue, mas confesso estar me habituado à ela, e deveria? Cada um e suas escolhas, como o teu olhar afeta o meu? E deveria? Uma cidade inteira, milhares de pessoas e luzes: eu aqui, você aí. Como estrelas no céu, a idéia daquilo que não podermos tocar. As fotos, a lembrança. Esse “agora” é o nosso “estar”. E deveria? “Ainda queria dizer tanta coisa, mas não deu”. Simplesmente não deu.
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Beth Carvalho canta "As Rosas Não Falam" (Cartola) - 1981
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

E a revolta de súbito me tomou: então não podia eu me entregar desprevenida ao amor? De que estava Deus querendo me lembrar? Não sou pessoa que precise ser lembrada de que dentro de tudo há o sangue. Não só não esqueço o sangue de dentro como eu o admiro e o quero, sou demais o sangue para esquecer o sangue, e para mim a palavra espiritual não tem sentido, e nem a palavra terrena tem sentido.

Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda.

E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa.

Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. (…) Talvez eu tenha que chamar de “mundo” esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que “Deus” é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar.

Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escadalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu.

Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.
- Clarice Lispector in “Perdoando Deus”
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Foi desvendado o mistério...

"O verdadeiro nome do amor é cativeiro".
William Shakespeare
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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Arrumando a casa. Hora de separar o que fica e o que vai. Com tanto peso nas costas, pouco se anda. Essa é a diferença de quem insiste em ficar parado no tempo, desafiando o corpo com o peso. Ainda me identifico com o que vejo e guardo a boa lembrança do que foi/esteve, pois é preciso ter o espírito forte no novo. Eis a minha força...

Madredeus - Oxalá
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Ps.: Antes que pensem errado, gostaria de mencionar que as coisas que escrevo aqui não são recados - apesar de serem textos curtos ou pequenas frases. São apenas subjetividades minhas e só. Se alguém encontrar 'cabelo em ovo', por favor, me avise.
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You've ever known

"I'm the funniest woman you've ever known.
I am the dullest woman you've ever known.
I'm the most gorgeous woman you've ever known
And you've never met anyone as, as everything as I am sometimes.

You see everything, you see every part
You see all my light and you love my dark
You dig everything of which I'm ashamed
There's not anything to which you can’t relate
And you’re still here".

Alanis Morissette | Everything
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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Wild Horses


Rolling Stones - The gimme shelter movie 1970
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Música para o final de tarde


Sonny Rollins in MONTREAL 1982
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O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
Adélia Prado
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Better Than Nothing


Puzzle
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Vídeo bacana...
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"I don't wanna know if I will sink or swim away to shore".
Jen Trynin - Better Than Nothing
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domingo, 20 de janeiro de 2008

Choices

Take the red pill and stay away from the rabbit...no not that rabbit, the other rabbit because the 1st rabbit looks mighty sexy and stay away from the other ones...

Matrix - The pill
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"As dúvidas não me incomodam; o que me incomodam são as certezas."
Nietzsche


I wish you could swim


David Bowie - Heroes (live)
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I-I wish you could swim
Like the dolphins-like dolphins can swim
Though nothing-nothing will keep us together
We can beat them-for ever and ever
Oh we can be heroes-just for one day
I-I will be king
And you-you will be queen
Though nothing will drive them away
We can be heroes-just for one day
We can beat them-just for one day
I-I can remember
Standing-by the wall
And the guns-shot above our heads
And we kissed-as though nothing could fall
And the shame-was on the other side
Oh we can beat them-forever and ever
Then we could be heroes-just for one day
We can be heroes
Just for one day
We can be heroes
We're nothing, and nothing will help us
Maybe we're lying, then you better not stay
But we could be safer, just for one day
Oh, oh, oh, ohhh-oh, oh, oh, ohhh, just for one day
Oh, just for one day

*


sábado, 19 de janeiro de 2008

"Sim, há as horas de trégua quando se enfiam as facas".
Eunice Arruda

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Évora


Salif Keita & Cesária Évora - Yamore
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

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"Sometimes you eat the bar, and sometimes, well, he eats you".
Frase do filme The Big Lebowski
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Film Noir


Dance Me to the End of Love(Leonard Cohen)- Madeleine Peyroux

"Let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what I only know the limits of
Dance me to the end of love".
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Momento Walt Disney

A Disney fez um especial bem bacana na década de 80, chamado: Special DTV Romancin'. A minha música favorita aparece na última cena, com dois centauros (a imagem de sagitário no mundo mitológico) apaixonados. Belo registro. Uma pena que não exista desenhos como este hoje...

Disney - Special DTV Romancin' - 1986
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Pra quem curte desenhos de boa qualidade, uma dica: a Rede Record está reprisando alguns episódios do Snoop no início da tarde, vale conferir.
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It's a multitude of angels

Amo essa música, definitivamente. Amo fazer minhas dancinhas esquisitas no escuro da Matriz com o Ahoy (saudades).

Eurythmics - There Must Be An Angel (Playing With My Heart)
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Tudo!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Affê, posso com isso não...


Andy Warhol's "Kiss" (1963)

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Por favor, um balão de oxigênio e um copo d'água...
;-)

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Saudade


Brave Heart
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Ausência
por Carlos Drummond de Andrade

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

*

Ahoy!


Salvatore Adamo - Notre Roman 1967
*

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Brother is brother

Dois irmãos, uma briga. Passaram dez anos sem se falar - até o reencontro. A história seria mais uma dentre tantas, se não fosse o fato de Alvin Straight – um jovem senhor de mais de 70 anos, teimoso e com sérios problemas de saúde - ter recebido um telefonema com a notícia que seu irmão mais velho, Lyle, sofrera um derrame. Preocupado com a saúde do irmão, parte para uma longa viagem de mais de 500 quilômetros em seu cortador de grama...O filme é simplesmente lindo e repleto de diálogos interessantes! Eis o reencontro dos dois:

The Straight Story - Final Part
by David Lynch
*

Soluço do Flickr

Isso é o que dá empresa gringa confiar nas minhocas daqui. Olha isso:Se era para morrer de rir, parabéns! Vocês conseguiram...
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sábado, 12 de janeiro de 2008

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Enxergar

" O antropólogo Claude Levy-strauss detestou a Baía de Guanabara:
Pareceu-lhe uma boca banguela.
E eu menos a conhecera mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?
O amor é cego
Ray Charles é cego
Stevie Wonder é cego
E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem".
Caetano Veloso - O Estrangeiro
*

Clap your hands

Sim, eu sou dodói.
Quando trabalhava em um curso de inglês, há séculos atrás, assistia uma fita do Grammy Awards every single day e a apresentação da Whitney era a minha favorita! Tinha uma fita do Sinatra também, qualquer dia encontro algum registro. Doideira mesmo. Eu amava. Assistia como se fosse a primeira vez - chorava e tudo! A sensação era essa: de estréia, de primeira vez. Eis a apresentação fantástica, enjoy!

Whitney Houston - One Moment In Time (Grammy Awards Live)

" I want to be a day to give the best of me
I'm only one, but not alone
My finest day is yet unknown
I broke my heart for every gain
To taste the sweet, I faced the pain
I rise and fall,
Yet through it all this much remains".

*
Outra pérola: My love is your love, disponível aqui.

"
Cause your love is my love
and my love is your love
It would take an eternity to break us
And the chains of Amistad couldn't hold us

If I lose my fame and fortune
And I'm homeless on the street
And I'm sleepin' in Grand Central Station
It's okay if you're sleepin' with me

As the years they pass us by
we stay young through each other's eyes
And no matter how old we get
It's okay as long as I got you babe
(...)

If I should die this very day
Don't cry, cause on earth we wasn't meant to stay".
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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

De todos os lados

PIADA INTERNA:
Até ele - o Flickr - parece conspirar... Olha a prova aqui, ó:

E dizem que coincidências existem. Okay, tudo bem.
*

"Eu fica fora de mim", Arnaldo Antunes

Acordei às 9:30h e fui arrumar a casa. Coloquei a roupa suja para lavar, desfiz as malas da viagem de final de semana...Uma amiga ligou e desmarcou o cineminha aqui em casa. Meleca! Não tinha o plano B. Em tempo, acabo de fazer as coisas que havia começado, quando Flaveca - a levada da breca - me aborda no MSN: vamos dar uma pinta na rua? Respondo que sim. Marcamos às 14h. Tomo uma ducha demorada, escuto musiquinhas animadas, faço dancinhas esquisitas, canto junto e visto a roupa - com o cuidado de não colocá-la do avesso - e saio. Já no banco - tive que pagar uma conta antes - percebo os olhares de estranheza pro meu lado...Deixo queito. Quando terminei de fazer o pagamento sai apavorada pelo calor absurdo que fazia do lado de fora do banco - praticamente um sol por pessoa. Passei em frente a uma loja espelhada, não resisti e me olhei. Lógico que a primeira coisa que vi foram as minhas olheiras – fruto de noites mal dormidas e ansiedade profunda - e depois, a minha roupa...Não acreditei, parecia um pesadelo! Eu não só estava com uma olheira em cor de carvão como tinha a blusa do AVESSO! Inacreditável…Voltei para casa correndo e fui me trocar - não gostaria de ser reconhecida como a 'louca de Copacabana' por aí.
Medo de mim.


Arnaldo Antunes - Fora de Si
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...certamente com a cabeça em coalas e cangurus.
;-)
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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Te amo!

BOA VIAGEM, BABY...
;-)


Under Pressure performed by David Bowie & Annie Lennox.

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Até a volta...

;-)
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sábado, 5 de janeiro de 2008

Vide Cor Meum

Coro: E pensando di lei (E pensando nela)
Mi sopragiunse uno soave sonno (Me vêem sonhos suaves)
Ela: Ego dominus tuus (Eu sou seu mestre)
Vide cor tuum (Veja seu coração)
Ele: E d'esto core ardendo (core ardendo) (E este coração ardente)
Ela: Cor tuum (Seu coração)
Coro: Lei paventosa (Ela treme)
Ele: Umilmente pascea. (Come obedientemente)
Ela: Appreso gir lo ne vedea piangendo. (Com pesar eu o vi se afastar de mim)
Ele: La letizia si convertia (A alegria é convertida)
In amarissimo pianto (Em amargas lágrimas)
Ela: Io sono in pace (Eu estou em paz)
Ele: Cor meum (Meu coração)
Ela: Io sono in pace (Eu estou em paz)
Ele: Vide cor meum (Veja meu coração)
Coro: Vide cor meum (Veja meu coração)
Cor meum (Meu coração)
Vide cor meum (Veja meu coração)


(Trecho de La Vita Nuova, Dante Alighieri, na ária composta por Patrick Cassidy para o filme Hannibal).
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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

I will sell my soul for something pure and true


#1 Crush Garbage

I would die for you
I would kill for you
I will steal for you
I'd do time for you
I would wait for you
I'd make room for you
I'd sail ships for you
To be close to you
To be a part of you
'Cause I believe in you
I believe in you
I would die for you.

*